Historial

Criado em Tomar em 1979, o Fatias de Cá tem centros de produção em Lisboa, Coimbra, Tomar, Torres Novas e Almourol.

O Fatias de Cá posiciona-se a partir de três axiomas:

Liberdade

Assume como sagrado o valor da Liberdade.

 

Fraternidade

Luta pelos princípios que fazem os homens mais irmãos. Todos.

Literacia

Entende a Literacia como a prioridade.

 

O Fatias de Cá tem consciência, e assume, que o teatro é uma atividade elitista.

100 %
da população vai ao teatro

 O que corresponderá, em Portugal, a 100.000 pessoas. 

É para esta “elite” que o Fatias de Cá faz Teatro.

Do ponto de vista da prática teatral, a opção estética do Fatias de Cá assume três vertentes:

Património

Quer o construído quer o paisagístico, é assumido como um espaço teatral privilegiado, tendo em conta o cenário que comporta.

Partilha

A partilha com o público de um momento de refeição é assumida como uma forma de sociabilização, de confortabilidade e de concentração no espaço tempo convocado pelo espetáculo.

Comove, Diverte & Informa

O ato teatral é assumido como um momento que comove, diverte e informa.

Não resistir a uma ideia nova nem a um vinho velho...

Frase atribuída a Galileu e adotada como lema do Fatias de Cá
1979
4 estreias
Fatias de Cá com Nini Ferreira (1979)
Fatias de Cá no aniversário da Nabantina (1979)
"O Con(s) certo" de Karl Valentim (1981)
Gente Séria (1981)
Os mil dias que abalaram a Nabantina
1982
6 estreias
Hãn? (1982)
A Festa da Memória que é Curta (1983)
O Farmacêutico a Cavalo (1983)
Fatias de Cá Bar É… (1984)
A Menina Inês Pereira (1984)
Por trás daquela janela (1985)
As mil e uma noites
1986
5 estreias
A Fuga de Wang-Fô (1987)
Hamlet (1987)
Homlet (1988)
Queremos fazer teatro (1988)
Crónica dos Bons Malandros (1989)
O tempo das vacas gordas
1990
7 estreias
A Sapateira Prodigiosa (1990)
Carmen (1990)
A Fera Amansada (1990)
A Comédia da Marmita (1991)
A Flauta Mágica (1991)
Timor (1991)
A Menina Feia (1992)
Tempos promissores
1993
2 estreias
Confusões (1994)
A Comissão de Festas (1995)
O tempo das vacas magras
1996
8 estreias
As Ligações Perigosas (1996)
Tanegashima (1998)
Xanana Gusmão (1997)
T de Lempicka (1998)
As Árvores Morrem de Pé (1999)
Tannhäuser (1999)
Viriato (1999)
Sonho de uma Noite de Verão (2000)
O tempo da fénix
2000
6 estreias
Corto Maltese (2001)
A Tempestade (2001)
Astérix no Criptopórtico (2002)
Alcacer Kibir (2002)
Inês de Portugal (2003)
Diálogo das Compensadas (2003)
A diáspora
2004
7 estreias
A Morte do Lidador (2004)
Rapariga com Brinco de Pérola (2004)
O Nome da Rosa (2004)
A Festa de Babette (2005)
O Equador passa em S. Tomé e Príncipe (2005)
Tomar em Revista (2006)
As Pegadas dos Dragões
(Contos do Fascínio 3) (2006)
O tempo do deslumbre
2007
5 estreias
L’Odeur (2007)
Arthur (2008)
Auto da Barca do Inferno (2009)
O Anel Quebrado (Contos do Fascínio 2) (2009)
Richard III (2010)
O tempo da magia
2010
6 estreias
A Encomendação das Almas (2011)
Momo (2012)
Colaboracionistas (2013)
O Aprendiz de Feiticeiro
(Contos do Fascínio 1) (2013)
Os Plantagenetas (2013)
A utopia de Thomas More (2013)
O tempo dos legados
2014
8 estreias
Dom Quixote (2014)
Imprecação Diante das Muralhas (2014)
Brigadas Revolucionárias [1968-1974] (2014)
A fórmula de Deus (2015)
Os Barcos da Ilusão (2015)
Lear (2015)
Mulheres de Excelência (2016)
A Missão (2016)
O tempo da demanda
2017
3 estreias
Salazar (2018)
Os Relvas (sg Alves Redol) (2019)
Sim, senhor Primeiro Ministro (2021)
O tempo da visitação
2021
 

 

Os mil dias que abalaram a Nabantina

1979 - 1982

É o tempo do nascimento, que se constituiu como uma espécie de pedrada no charco no marasmo cultural tomarense. “O Con(s) certo” de Karl Valentim (1981) virá a ser apresentado por todo o País e torna visível o então grupo amador.

 

As mil e uma noites

1982 - 1986

O FdC sai da Nabantina e legaliza-se enquanto associação cultural sem fins lucrativos. É o tempo em que não foi possível encontrar um espaço para ensaiar, ou melhor, o tempo em que foi preciso aproveitar todas as momentâneas cedências de espaço para manter a atividade. Quatro iniciativas marcaram este período:

  • Organização do Festival de Teatro de Tomar, em 1982, no Convento de Cristo (e onde participaram, entre outros, a Comuna, a Barraca, a Cornucópia, o Bando, o Mário Viegas e o José Mário Branco).
  • “Fatias de Cá Bar É…” (1984) que se constituiu como um desafio cultural na “noite” tomarense.
  • “A Menina Inês Pereira”, a partir da Compilaçam de Todalas Obras de Gil Vicente (1984), onde se experimenta, pela primeira vez, a apresentação de cenas simultâneas e a deambulação do público pelo espaço cénico.
  • A liderança do projeto “Crónica dos Bons Malandros”, a partir de Mário Zambujal (1986), promovido pela ARSTA (Associação Regional de Santarém do Teatro de Amadores), envolvendo 20 grupos do distrito e estreado no Teatro da Trindade, em Lisboa.

O tempo das vacas gordas

1986 - 1990

É o tempo da projeção internacional; participa-se em festivais na Europa, América e Ásia com “A Fuga de Wang-Fô”, a partir de Marguerite Yourcenar (1987), com “Hamlet”, a partir de Shakespeare e Heiner Müller (1987) e com a sua paródia “Homlet” (1988).

É também o tempo de fazer Teatro no seio do Convento de Cristo de Tomar, que é assumido como um espaço privilegiado para a vivência cultural. Esta forma de utilizar o Património veio a ser continuada com muitos outros projetos, em muito outros espaços.

Tempos promissores

1990 - 1993

É o tempo em que o frenesim se acomoda dentro do grupo de teatro que se torna companhia de teatro, com produções de vários encenadores, nacionais e estrangeiros. É o tempo em que a carreira das peças começa a prolongar-se em apresentações semanais regulares.

O tempo das vacas magras

1993 - 1996

É o tempo de resistir persistindo, graças a Manuel Frederico Presster (“A Menina Feia”) e Alain Ayckbourn (“Confusões”).

O tempo da Fénix

1996 - 2000

É o tempo em que se demonstra a capacidade para atrair públicos de todo o país. É o caso de “As Ligações Perigosas” (1996), “Tanegashima” (1997 e parceria com os japoneses Takebue e macaenses Hiu Kok, Expo’98), “T de Lempicka” (1998), “Viriato (1999) ou “Sonho de uma Noite de Verão” (2000), É nesta altura que se passa a incluir, no decorrer dos espetáculos, um momento de refeição.

A diáspora

2000 - 2004

É o tempo em que são legalizados, enquanto associações culturais, vários FdC (Barquinha, Chamusca, Coimbra, Constância, Lisboa, Ourém e Torres Novas), que se assumem como centros de produção teatral; daqui resultaram espetáculos em locais teatralmente não convencionais, como a Distilaria da Brogueira (“Corto Maltese”), o Castelo de Ourém (“A Tempestade”), o Museu Machado de Castro em Coimbra (“Astérix no Criptopórtico”), os teatros fronteiros de Tancos e Arripiado no rio Tejo (“Alcacer Kibir” em parceria com os marroquinos La Voile) ou a Quinta das Lágrimas em Coimbra (“Inês de Portugal”).

O tempo do deslumbre

2004 - 2007

Com a chegada de Jorge Custódio à direção do Convento de Cristo de Tomar, o monumento inverte a sua anterior tutelo de asfixia teatral e o Teatro passa a respirar a plenos pulmões num Património da Humanidade. Destaca-se “O Nome da Rosa (2004) que utiliza o espaço na sua plenitude. Mas “Rapariga com Brinco de Pérola” (2004) no Jardim Botânico de Coimbra ou “As Pegadas a dos Dragões” na Pedreira do Galinha em Ourém são exemplos também significantes da incorporação no Espírito do Lugar.

O tempo da magia

2007 - 2010

É o tempo de penetrar na dimensão alquímica. É também o tempo de criar espetáculos que ganham uma dimensão esotérica potenciada pelo espaço onde se realizam, como é o caso da Quinta da Regaleira em Sintra (“O Anel Quebrado”), da Distilaria da Brogueira (“l’Odeur”), das Ruínas de Conimbriga (“Arthur”) ou da Vila de Constância (“Auto da Barca do Inferno”).

O tempo dos legados

2011 - 2014

É o tempo em que se assumem parcerias com instituições e entidades públicas e privadas com vista à utilização dos seus espaços para apresentação de peças de teatro. Releve-se “A Encomendação das Almas” (2011) no Convento da Arrábida, sem desprimor para o Palácio Fronteira em Lisboa, o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha em Coimbra, o Palácio dos Aciprestes em Linda-a-Velha ou o Palácio Sotto Mayor na Figueira da Foz. É também nesta altura que se reestrutura o Fatias de Cá, que passa a contar com 7 associações FdC (Portugal, Mãe, Lisboa, Coimbra, Tomar, Torres Novas e Almourol).

O tempo da demanda

2014 - 2017

É o tempo em que se renova a asfixia teatral no Convento de Cristo em Tomar. 

É o tempo de quixotear. “Dom Quixote” (2014) alarga o espaço teatral a Tomar e arredores, levando o público numa demanda, no encalço dos protagonistas, ora de comboio turístico, ora a pé, por várias “adegas” e “solares”. “Brigadas Revolucionárias (2014) aborda a luta contra o regime pré-25 de abril pela voz de um dos seus protagonistas – Carlos Antunes. “A fórmula de Deus” (2015) assume-se como a prova científica da existência do dito. “A Missão” (2016) discute o rompimento da solidariedade com a sorte dos outros.

É também o tempo em que o cinema começa a fazer parte do quotidiano. Tempos antes da estreia comercial de “Sonhar Portukalia” (2017), foram sendo filmadas várias peças de teatro que resultaram em “Teatro em Cinema”, tais como “As Ligações Perigosas”, “Corto Maltese”, “Richard III”, “A Comissão de Festas, “A Sacerdotisa e o Mestre”, “Lear”, “Dom Quixote”, “A Missão”.

 

O tempo da visitação

2017 - 2021

É o tempo da pós-produção do “Teatro em Cinema”.

É o tempo da visitação a personæ santificadas por uns e amaldiçoadas por outros, como sejam “Salazar” ou “os Relvas”. Que também deram em filme.

É o tempo de aproveitar o covidamento para cuidar da Distilaria na Brogueira e do “Sim, senhor Primeiro Ministro”.