Serão cultural musical, teatral e etc e tal. A Revista das Revistas de Tomar dos anos 20 a 40.

Lá por 1979, uma interessante conjunção de fatores fez juntar na Sociedade Nabantina algumas vontades culturais que se constituiram em Comissão Cultural, com o objetivo de dinamizar a praticamente inexistente vida cultural em Tomar. Quer isto dizer por miúdos que uma rapaziada ressacada do PREC se organizou para amandar pedradas ao charco. E então vai de começar numa ponta. E a ponta seria fazer-se um espetáculo.

Surgiu então a ideia de pegar nos antigos espetáculos de Revista feitos em Tomar na primeira metade do século, entre os anos 20 e 40: jogava-se com a memória coletiva e com o gosto popular, era de fácil montagem e de fácil efeito e o sucesso era garantido.

Misturava-se entretanto uma banda, uma entrevista a uma personalidade tomarense claramente consensual, coro e rancho também tinham a sua graça mas ainda não os havia à mão, punha-se para a troca concurso de quadras e dança, e estava feito.

E na verdade, esse serão cultural de 10 de Junho de 1979 foi o primeiro e retumbante sucesso do grupo de teatro Fatias de Cá, nome aliás que lhe ficou deste primeiro espetáculo.

Porque tem graça, ainda por cima porque quase todos são, atualmente, pessoas públicas – quer dizer, pessoas muito conhecidas – aqui se regista os que, para além de mim que sou o único que continua realmente ligado ao Fatias de Cá, iniciaram esta aventura (e por ordem alfabética que é por causa das coisas): António deSousa, Fernando Graça, Manuel Godinho, Mário Cobra e Toneca Antunes da Silva. E também é justo referir os que a quiseram partilhar: Aurora Bernardo, Baltazar, Gabriela Figo, Júlia Ceríaco, Luís Carlos Santos, Milú Graça, Moniz e São.

O espetáculo dividia-se em três partes:

1. Uma primeira parte sobre o Nini Ferreira, deliciosamente apresentada por Manuel Guimarães.

2. Uma segunda constituída por um original de Artur Morais Vaz, Carlos Carvalheiro e Jerónimo Pimental, “Ardência”, peça que ainda hoje se mantém no reportório do Fatias de Cá.

3. E uma terceira constituída por textos escolhidos das antigas Revistas de Tomar, de 1992 (Tomar em Camisa), de 1934 (1931), de 1936 (Siga a Roda”, de 1941 (Lá Vai Molho) e de 1943 (De Casaca e Luva Branca). 

Até se fazer um estudo mais profundo desta atividade cultural do Orfeão Tomarense (a primeira foi promovida pelo Sporting de Tomar), registe-se alguns nomes: Alberto Amorim Rosa, Alfredo Maria Pereira, Aquiles Mota Lima, Augusto Lima, Fernando Ferreira e Luiz d’Oliveira Guimarães como autores, Aquiles Mota Lima, Alberto Emiliano e Augusto Lima como compositores e Joaquim Barbosa e Francisco Aivado como ensaiadores. 

O espetáculo vai começar.